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RESENHA DE CASOS DE FAMÍLIA

 

Quem não se lembra dos dois crimes que pararam o Brasil? Até eu que tinha, na época dos crimes, 8 anos e 14 anos, respectivamente, lembro da repercussão nacional que cruzou os meios de comunicação. Nesse livro pude ter o primeiro contato com a escrita da Ilana Casoy, que me passou um tom de honestidade e observação ímpares.


Esse livro vai tratar dos acontecimentos referentes aos crimes von Richthofen (2002) e Nardoni (2008), contando com uma reconstrução dos acontecimentos detalhada e bem explicada, com o foco para o julgamento - incluindo provas e testemunhas -, perante o Júri popular. O Júri é um grupo formado por cidadãos comuns, que sob juramento, apontam se o réu é inocente (devendo ser absolvido) ou culpado (devendo ser condenado e em quais crimes), servindo de juízes. Ocorre nos casos em que o crime é cometido dolosamente (com intenção) contra a vida.


A edição está impecável, oferecendo um conteúdo extra relativo às anotações que autora fez ao acompanhar os casos. Incluíram fotos de laudos periciais e reconstituição dos crimes realizada pela perícia forense. É um prato cheio para os amantes de criminologia - o que é o meu caso.


  • Caso von Richthofen


Logo no prefácio do livro, somos recebidos pela primeira frase: O crime foi cruel e covarde. E foi mesmo! Não tem como ler um relato desses sem ficar indignado. Susane, seu namorado e o irmão dele assassinaram os pais de Susane, Marísia e Manfred von Richthofen, de forma brutal e impiedosa. Os pais dormiam de porta aberta quando foram surpreendidos pelo porrete especialmente construído por Daniel (namorado de Susane) com a finalidade de esmagar suas cabeças. Marísia ainda teve o reflexo de se proteger com a mão e não morreu de primeiro momento, sendo posteriormente asfixiada para que parasse de fazer barulhos altos.


E depois dessa orgia de sangue, de colaborar para a morte dos próprios pais, Susane e Daniel foram ao motel comemorar em uma suíte de luxo; e Christian, o cunhado de Susane, comprou uma moto cara com o dinheiro furtado da residência dos von Richthofen logo no dia seguinte.


Acompanhamos passo a passo a descoberta dos indícios de culpa pela polícia, através de análises criminalísticas, assim como a confissão do crime pelos assassinos. Depois disso, começa o julgamento, onde veremos as provas esmagadoras e os promotores e advogados lutando pelo aumento ou diminuição da pena dos réus. É muito interessante termos acesso a esses debates, sendo essas partes, de acordo com o meu gosto, as que mais gostei.



  • Caso Nardoni



Não tem como comparar um crime com o outro e dizer qual foi o pior, mas um pai matando a filha me deixa mais incomodada, principalmente pelo fato da vítima ser uma criança que sequer podia se defender. Na noite do crime, Ana Carolina Jatobá, casada com Alexandre Nardoni, tentou estrangular a criança (Isabela, filha de Alexandre) na hora de uma briga de casal por motivos de ciúme, e ao pensarem que ela estava morta, a arremessaram do prédio, motivo pelo qual a menina veio a falecer. Simularam então que um ladrão tinha invadido a casa, e mesmo durante o julgamento, com provas incontestáveis sobre a autoria do crime, negavam a culpa, afirmando que eram inocentes.


Da mesma forma que no caso anterior, também acompanhamos toda a coleta de provas e julgamento no Tribunal do Júri, culminando, ao final, em penas bem longas para ambos os réus.



Enfim, esse livro é obrigatório para aqueles que desejam conhecer mais como funciona um julgamento sob uma ótica que difere das autoridades geralmente mais ligadas a essa área, como advogados, juízes e promotores. Traz uma narração bem completa, mas ao mesmo tempo simples, o que colabora para o entendimento de aspectos periciais complexos. É uma leitura imperdível para todos os amantes da criminologia.


NOTA: 5/5

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