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RESENHA DE O ÁRABE DO FUTURO - VOLUME 1


 

Essa é mais uma HQ obrigatória para quem gosta de conhecer mais sobre esse estilo e procura uma boa história, apesar do conteúdo forte retratado nela. Depois que li Persépolis (resenha aqui), comecei a procurar outras HQs que tratassem de temas semelhantes, nos descrevendo experiências de vidas no Oriente Médio, com objetivo de mostrar também a política conturbada da região.


O Árabe do Futuro é uma trilogia, cujo o primeiro volume é esse da foto e o que vou resenhar para vocês. O foco é no personagem Riad, autor do livro, e tudo é visto sob sua ótica mirim, o que traz um ar inocente para as histórias, mas que não as torna menos tristes e violentas. Riad nasceu em 1978 e atravessou uma infância conturbada sempre se mudando de país na medida do interesse financeiro e social do seu pai, que era professor. Dessa forma, toda vez que surgisse uma oportunidade ou insatisfação de qualquer ordem, lá ia Riad novamente, ostentando sua bela cabeleira loira e sem entender a profundidade dos acontecimentos ao seu redor, somente passando para nós através de seu prisma infantil.


Ao longo das mudanças para países diferentes, a cor predominante na arte muda, o que traz uma sensação diferente, como se realmente estivéssemos adentrando outra atmosfera. Devo ressaltar o quanto as lembranças do autor são fortes e bem retratadas, nos detalhando como eram os lugares e as pessoas e seus costumes.


O aspecto político também é bem importante na obra, onde conhecemos as opiniões políticas de seu pai (às vezes um tanto preconceituosa) e a situação de cada país em que viviam, geralmente sob o jugo da ditadura de Saddam Hussein, Hafez al-Assad ou Muamar Kadafi. Inclusive, pude notar o quanto a opinião do pai do protagonista era meio contraditória, ao apoiar o estudo e evolução dos povos árabes, mas ao mesmo tempo em defender a ditadura dos países pelos déspotas citados acima.


Vemos como a ignorância contribui para a violência de forma clara, onde até crianças que não são ensinadas pelos seus pais - ou que são ensinadas de forma errada -, acabam nutrindo ódio e preconceito do que sequer conhecem. Nosso protagonista, por possuir um cabelo loiro, muitas vezes é tratado de judeu e americano, seguido de vários xingamentos. O comportamento fundamentalista e sua intolerância é explicitado nesse livro, e pude obter a conclusão de que só contribui para a involução dos povos.


Um dos pontos dessa história que me deixaram bastante incomodada foi o papel da mãe de Riad. Sua passividade me deixou muito reflexiva, sabendo o que não é algo ficcional e de épocas distantes, isso é real e atual, acontecendo até mesmo em países cuja cultura não é de repressão à mulher, como é o caso da cultura árabe, em sua maioria.


Enfim, novamente vou enfatizar o quanto essa HQ é bem feita em seu enredo e em sua arte, e o quanto ela é necessária para aqueles que se interessam sobre o assunto e desejam aprender e descobrir sobre a cultura árabe e os problemas que esses países enfrentam por culpa do pensamento retrógrado fundamentalista. Além disso tudo, vemos como os governantes se aproveitam dessa situação de caos religioso para se ocuparem de cargos poderosos e exercerem suas ditaduras, sem haver uma contraprestação básica para a população em coisas fundamentais como a educação e estrutura física das cidades. É uma leitura que será feira em um dia, mas que ficará com você para sempre.


NOTA: 5/5

© 2017 por Blog Folheando

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