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RESENHA DE ANNA KARIÊNINA


 

Este livro está no Desafio 12 Livros para 2017.


É sempre uma tarefa grandiosa, com um certo grau de responsabilidade, fazer uma resenha de experiências e impressões sobre uma leitura tão intensa, sobre um livro tão clássico e incrível. Antes de tudo, devo confessar que embora esse livro estivesse no desafio para o mês de março, não consegui terminar a tempo por pura enrolação da minha parte. Não, o livro não é ruim. Não, a leitura não é difícil. O motivo foi unicamente ter sentido uma vontade de estender a experiência o máximo que podia, de não me livrar tão rápido dessa história.


Abandone o preconceito com a literatura russa assim como eu fiz há anos. Não é difícil, a linguagem é fácil e muito envolvente! A única coisa mais diferente que você verá, são os nomes dos personagens, mas mesmo assim é tranquilo se acostumar.


Já no início, somos introduzidos à história por uma das frases mais famosas e profundas da literatura, que resume em essência muitos dos acontecimentos do livro, bem como os justifica. "Todos as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira." A partir daí somos apresentados aos personagens mais bem construídos que já tive o prazer de conhecer.


Começamos com a família de Stiva (vou chamar os personagens por seus respectivos apelidos na medida do possível, assim como é feito em alguns momentos da história), onde nos deparamos com Dolly, sua esposa, sofrendo por conta de sua infidelidade. A ironia é chamar a irmã de Stiva, Anna Kariênina, para tentar solucionar o problema, fazendo com que o casal faça as pazes. Ao obter êxito e retornar para casa, Anna encontra Vrónski na estação de trem e o amor arrebata os dois de primeiro momento.


Acontece que Anna é casada com Aleksiei, e Vrónski está cortejando Kitty, cunhada de Stiva. Sim, pode ser um pouco confuso no início, mas nos familiarizaremos com todos os personagens, afinal são cerca de 800 páginas para acompanhá-los.


Nesse ínterim, conhecemos também o meu personagem favorito nessa obra - inclusive acho, que o título do livro deveria ser de Liévin, não de Anna. Sua paixão por Kitty, suas reflexões a respeito da vida, do bem comum, do bem dos mujiques (empregados das fazendas russas), seus estudos sobre a construção de uma sociedade melhor para todos, e tudo o que diz respeito aos seus sentimentos é de uma autenticidade e encanto que comove e envolve.


Desse modo, quando Vrónski abandona Kitty para ficar com Anna, e Liévin percebe que possui esperanças em relação a Kitty, mesmo após a mesma ter negado seu pedido de casamento, é um dos momentos mais interessantes do livro. Deu pra perceber a teia de relações familiares que esses personagens formam? É incrível ver essa dinâmica, a forma como tudo é explorado e escrito pelo autor, que possuía o dom de escolher as palavras certas para descrever sentimentos, situações e personagens.


Os conflitos entre os personagens são o forte da história, e fez com que eu me sentisse naquele meio, naquela Rússia do século XIX, acompanhada das mesmas angústias, tradições culturais e emoções.


Anna é uma personagem feminina de força e personalidade, repleta de ambiguidades. Ao mesmo tempo que eu sentia empatia pelos seus tormentos, também me pegava a detestando fortemente, em especial por escolher o amor de um homem em detrimento do seu filho. Também tive que levar em conta, nesses momentos, à época em que se passa o livro, onde a mulher não podia ficar com o filho, apesar de não amar mais o pai da criança e querer se envolver com outro homem.


Enfim, apesar da época em que foi publicada, é uma obra atemporal, que aborda questões sentimentais e de relações parentais de forma primorosa. Não vejo a hora de reler toda a história e me inserir novamente na sociedade russa aristocrática apresentada através da escrita de Tolstói, que fez com que eu me fascinasse ainda mais pela trama. Se tiverem a oportunidade, leiam esse livro e se apaixonem, como eu me apaixonei.



NOTA: 5/5

© 2017 por Blog Folheando

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