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RESENHA DE O SOL TAMBÉM É UMA ESTRELA


 

Essa foi minha primeira experiência com a escrita direta e, ao mesmo tempo, delicada da Nicole. Repleta de referências externas e explicações bem colocadas sobre os assuntos que surgem no livro, a história te leva num ritmo satisfatório e divertido.


O cenário é aquela Nova York que bem conhecemos pelos filmes e séries (alguns também conhecem por terem ido, o que não é o meu infeliz caso). Movimentada, cercada por arranha céus e cheia do caos que somente um aglomerado de pessoas de todos os cantos de mundo, suas luzes e seus meios de transportes podem explicar. É naquela cidade tumultuada e encantadora que Natasha se vê privada de viver seu sonho americano. Nossa protagonista, dona de um dos muitos pontos de vista que teremos ao longo da história, é uma imigrante ilegal, que nasceu na Jamaica, mas que cresceu na América e pouco conhece de sua terra natal.


Alternando o ponto de vista com o nosso outro protagonista, Daniel, um jovem de descendência coreana, que tenta trilhar sua vida independente da vontade e ditadura dos pais. Acompanhamos seus dilemas, seus sonhos e suas vontades em capítulos curtos, que trazem uma dinâmica essencial à história. As páginas vão passando, e nós conhecemos até mesmo os coadjuvantes que cercam os momentos passados por Natasha e Daniel, que se encontram nas ruas de NY por força do destino.


Alguns desses personagens trazem uma história triste dentro de si, como é o caso do pai de Natasha, Samuel Kingsley, onde seus sonhos não realizados e consequentes frustrações acabam acarretando a infelicidade de sua família e em sua deportação dos Estados Unidos. Conhecemos, através do ponto de vista de uma segurança chamada Irene, sua solidão e vontade de cometer suicídio, e como Natasha, sem querer e perceber, acaba ajudando-a em seu sofrimento.


Além dos pontos de vista convencionais, encontramos momentos onde são explicadas a história dos cabelos afros e o porquê dos coreanos monopolizarem sua industria de relaxamento; descobrimos as sensações por detrás do que consideramos "amor", tudo de uma forma muito inteligente e instigante.


Claro que a ideia de predestinação entre os personagens e sua maneira de se encontrarem em uma Nova York gigantesca, e juntos enfrentarem os problemas e se apaixonarem soa um pouco pitoresca, pra não dizer inacreditável. No entanto, mesmo assim, entendi que o intuito era frisar a improbabilidade disso (apesar da crença da autora) e dar uma inocência à composição da trama. A constante exploração da oposição entre as características dos personagens também enfatizou isso: Enquanto Natasha desacredita o amor e impõe a ciência; Daniel é um romântico inveterado, poeta e sonhador.


O final do livro mostrou a linha tênue entre destino e coincidência, mas mesmo assim trouxe um calorzinho no coração depois dos acontecimentos. É uma leitura despretensiosa, que serve para te fazer rir em alguns momentos e refletir sobre alguns temas pertinentes que são retratados a todo tempo. Para quem busca uma leitura fluída e agradável, esse livro é o certo!


Nota: 4/5

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