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RESENHA DE VIDAS SECAS


 

Vidas Secas é o meu primeiro contato com o autor Graciliano Ramos, que nos mostra uma realidade dura e crua, onde uma família tenta escapar das consequências da seca no nordeste.


Nessa família sofrida iremos conhecer Fabiano, o pai e personagem principal, no qual giram a maioria dos pensamentos e acontecimentos da trama; Vitória, a mãe; dois filhos; e a cachorrinha mais conhecida da literatura nacional: Baleia.

No início do livro já nos deparamos com as dificuldades que essa família passa tentando escapar da seca, buscando um lar, comida e água potável para sobreviver. Ao longo da jornada, encontram uma casa e por ali se estabelecem por um tempo, até perceberem que a casa possui dono e que para morarem nela precisam pagar por isso com suor e labuta. Todo lucro que a família arrecada vai para o dono do imóvel, que justifica tudo com juros. Juros esses que Fabiano, por ser leigo, desconhece. Dessa forma, para sobreviver, mesmo que a duras penas, continua trabalhando e sendo constantemente usurpado de todo resultado trabalhado.


O choque de realidade é duro. Lendo o livro, deitada na minha cama confortável e livre do calor por causa do ar condicionado, com comida e bebida a minha disposição, fiquei bem incomodada com o quanto sou (e somos) alheios e insensíveis a essas coisas tristes que estão acontecendo a todo momento. Afinal, apesar do livro ter sido publicado em 1938, muito do que é falado nele permanece até os dias de hoje. O livro traz uma série de críticas e denúncias sobre todo o sofrimento pelo qual o povo do sertão passa. Não é para ser uma leitura agradável, é para ser uma leitura que te joga de encontro a uma realidade perturbadora, que na maioria dos casos, você desconhece.


No entanto, a leitura é essencial. A crítica mais forte ao que acontece durante todo o livro, sem dúvidas, é o papel do governo ao se esquecer dessas pessoas, literalmente, dessas vidas secas. No capítulo em que Fabiano é acossado pelo Policial Amarelo nos deparamos com a ausência de justiça.


Além disso, o que mais me impressionou em toda trama, além da rudeza presente a todo instante - principalmente por conta da forma como o livro é escrito -, é o desconhecimento dos personagens. Eles se resignam com a situação em que vivem por não conhecerem situações melhores, por acharem que aquilo é tudo que de melhor podem possuir. O livro nos joga de encontro a triste verdade de que às vezes a ignorância e o medo propiciam a violência, mais enfatizado ainda depois do capítulo da morte da cachorra Baleia.


A esperança da mãe, sinhá Vitória, é de que os filhos cheguem a uma terra civilizada e fiquem presos nela. Que estudem, que vivam uma vida diferente da que os pais levam. A esperança é que eles se tornem retirantes para escaparem da realidade que os atormenta: a inexorável seca nordestina.


NOTA: 4.5/5

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