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RESENHA DE O POVO CONTRA O.J. SIMPSON


 

O caso O Povo contra O.J. Simpson aconteceu em 1994, o ano em que nasci, então eu nunca tinha ouvido falar nele até saber que estrearia uma série sobre um dos julgamentos mais famosos dos EUA. American Crime Story, trata do caso real dos crimes que envolveram o grande astro de futebol americano. A série é incrível e bastante fidedigna, apesar de sua limitação de 10 episódios. Os personagens são aprofundados e todo o julgamento é minuciosamente explicado. Fiquei impressionada com a qualidade da série, e fiquei muito entusiasmada a ler o livro que a inspirou.


Qual foi a minha surpresa ao me dar conta de que o livro é mais minucioso ainda, e apesar disso não é cansativo e mantém um ritmo viciante! Muito bem escrito por Jeffrey Toobin e com uma edição primorosa da Darkside Books com diagramação excelente e capa dura, tudo aponta a seu favor.


Não é um spoiler saber que O. J. Simpson é culpado dos assassinatos de sua ex esposa Nicole, e de seu amigo, Ronald. Ao longo da série e da leitura do livro fiquei indignada, porque apesar de todos os indícios que estavam ali a disposição de todos, o julgamento se tornou um circo midiático com enfoque racial, deixando de lado os assassinatos e o sofrimento das famílias das vítimas.


Lendo o livro, depois de ter visto a série e consequentemente entendido o rumo que levou até aquele veredicto totalmente vergonhoso para a história da justiça norte americana, fui listando todas as provas que apontavam para a culpa do acusado, sendo algumas delas:


  • Nicole Brown já procurara a polícia dezenas de vezes afim de denunciar OJ. Há áudios disso, inclusive um em que afirma que ele vai matá-la. Além disso, OJ foi condenado a pagar um valor para um abrigo de mulheres que sofrem violência doméstica, sendo esse o abrigo para o qual Nicole ligou 5 dias antes de morrer, dizendo que ele a estava perseguindo;


  • Simpson, quando foi informado da morte de sua ex mulher - não que ela tinha sido assassinada - telefonou imediatamente para um advogado;


  • Simpson nunca demostrou tristeza pela morte da mãe dos filhos, apenas ficava preocupado com sua imagem na imprensa;


  • OJ fugiu em um carro quando recebeu o mandado de prisão. No carro estavam passaportes, peruca falsa e dinheiro;


  • OJ apareceu com um machucado na mão e não sabia explicar como surgira;


  • Simpson comprara, havia pouco, uma faca de grande porte em uma cutelaria;


  • o DNA de OJ estava em toda a cena do crime; e em seu carro, estavam os DNAs das vítimas;


  • A luva que ele usou para praticar o crime estava com seu sangue e das vítimas, e também havia um recibo de compra da luva, que sua ex esposa havia comprado de presente para lhe dar;


  • As pegadas da cena do crime eram do número e sapato que OJ usava;


  • Durante todo o julgadomento não surgiu nenhum indício que ligasse outra pessoa ao crime, exceto OJ;


Todavia, apesar de tudo isso, O.J. contrata uma série de advogados, dentre eles o famoso Robert Shapiro (sua esposa dizia que Bob tomaria drinks com Hitler), Robert Kardashian e Johnnie Cochran. E era óbvio que todos eles sabiam desde o início que O.J. era culpado, bastava analisar superficialmente o caso para se dar conta disso.


No entanto, para o veredicto de absolvição, não somente devemos atribuir a isso a perspicácia dos advogados de defesa e suas manobras jurídicas, mas também a incrível incompetência e arrogância da promotoria. Principalmente ao escalar o detetive Fuhrman, com um histórico enorme de racismo na DPLA, como testemunha, para um júri de maioria negra. Os advogados de defesa apontaram uma conspiração policial para prender um acusado negro e famoso.


O julgamento todo se tornou uma peça de moralismo racial. Os negros torciam para absolvição do réu, afirmando que era um complô da polícia para prendê-lo - apesar de todas as provas afirmando o contrário -, e os brancos queriam a condenação. Mas que fique claro: OJ nunca havia pertencido ou feito algo pela comunidade negra norte americana, ele sempre dizia a todos "Não sou negro, sou O. J. Simpson", e na lista de melhores amigos de OJ, deixada na carta de despedida que escrevera, só estavam listados homens brancos de meia idade.


Essa história é inacreditável, e o livro é maravilhoso em expressar todos os ângulos e detalhes do desdobramento do caso. É um relato brilhante de um julgamento vergonhoso. Se tornou um manual de como a justiça não deve se comportar, porque o princípio norteador de todo julgamento deve ser baseado na imparcialidade e boa fé. Indico para todos aqueles que se interessam pelo assunto. Vale muito a pena, sem dúvidas!


NOTA: 5/5



ps. OJ Simpson foi julgado e condenado em 2007, a 33 anos de prisão por assalto a um hotel cassino. Encontra-se preso até hoje.


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