RESENHA DE A OBSCENA SENHORA D

Este livro está no meu Desafio de 10 Livros Nacionais para 2017.
Este livro pertence à coleção de 28 volumes de clássicos da Folha de São Paulo lançada no ano de 2016.
Como explicar algo que você não sabe se entendeu? Vamos começar. Essa é a triste história da Senhora D. D de derrelição. Segundo o que diz o dicionário:
"s.f.
Abandono; desamparo."
Basicamente é nesse estado que se encontra Hillé, onde a autora nos conta seus momentos finais da vida através de fluxos inconstantes de consciência, tecendo conversas na escada com seu amante morto, Ehud. No meio de tamanha solidão e tristeza, Hilda Hilst cuspiu pensamentos senis com louvor. O que saiu disso foi uma mistura de confusão e loucura; filosofia e sabedoria, sentimentos esses que saem das páginas do livro e te atingem com força. Por vezes, a sensação que se tem é de estar perdido no meio dos sentimentos da protagonista. A prosa é, sem dúvidas, poderosa, é como uma corrente que te arrasta.
O livro é repleto de momentos filosóficos que se enquadram na vida como um todo:
"a vida foi uma aventura obscena, de tão lúcida"
"o corpo é quem grita esses vazios tristes"
"a vida era esplendor e prata, demasiada rutilância se tu me tocavas, e sinistra e soluçosa e nada quando tu não estavas"
"perguntas perguntas, como se fosse simples isso de amar, como se o peito soubesse desse adorno, como posso saber se a alma não compreende?
a alma sente
a carne é que sente"
No entanto, ainda recém iniciada em leituras de introspecção, onde o personagem mergulha tão forte dentro de si mesmo que nos arrasta na torrente, esse estilo de escrita não combinou muito comigo. Não sei se foi a forma da autora escrever mantendo sempre uma inconstância entre relâmpagos de lucidez e tempestades de loucura que me afetou e afastou um pouco da história. Nos momentos de lucidez eu me prendia às palavras de Hillé, mas nos momentos de devaneios me distanciava.
Creio que esse livro é daqueles que devemos ler e reler e reler e reler, sempre em busca de algo mais a encontrar, algo que não tenhamos captado de primeiro ou segundo momento. Por esse motivo, minha nota será limitada ao desconhecimento.
NOTA 3.5/5